quinta-feira, 13 de agosto de 2009


LANÇAMENTO NACIONAL
DO
DVD BEAT IÚ





Alô galera que costuma frequentar meu BLOG. Gostaria de avisar aos paraenses de plantão, que faremos o lançamento nacional do DVD BEAT IÚ, em Belém, no fim do mês de novembro no Teatro Margarida Schiwazzappa no CENTUR. A direção do DVD é do grande Roberto Talma, e gostaria muito que todos meus conterrâneos estivessem por lá. Quem se habilita ? Abraços.

Marco André

sábado, 8 de agosto de 2009


A BUNDALIZAÇÃO MUSICAL BRASILEIRA

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL

Um país cuja bunda retrata a potencial falta de cultura e educação, mais do que pode o pensamento imaginar. Bunda que rebola assim faz um povo ficar parado e não sair do lugar, remexendo-se exclusivamente na direção da total falta de postura relativa à cidadania.


'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão! A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.


Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.


Porém a culpa desta 'esculhambação' não é exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se.

Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga. As blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime de Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético.

Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem.

Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.


Ariano Suassuna


Observação:

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calypso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.



Realmente, alguma coisa está muito errada com esse noss o país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachaceiro, que gosta de puteiro, ou quando uma mulher canta 'sou sua cachorrinha', aonda vamos parar? como podemos querer pessoas sérias, competentes?

E nao pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, pq tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo é, 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!

Raquel Xavier Quirino

AINDA BEM QUE QUEM ESCREVU ESTA PARTE FOI UMA MULHER. QUANTO A ARIANO SUASSUNA, NEM PRECISO COMENTAR, ELE ATRAVÉS DE SUA OBRA JÁ MOSTRA O CIDADÃO QUE É.

ACABEI DE VOLTAR DE UM TOUR PELA EUROPA FAZENDO SHOWS EM PORTUGAL E INGLATERRA. INFELIZMENTE A VULGARIZAÇÃO DE NOSSA MÚSICA HOJE LEVA O EUROPEU A ACHAR QUE SOMOS UM POVO MOVIDO APENAS PELO EROTISMO EXARCEBADO: BRASIL, O PAÍS DA PUTARIA. OS CARAS VÊM FAZER POR AQUI TURISMO SEXUAL E POR AI VAI, TUDO POR CONTA DA DIVULGAÇÃO MASSISSA DOS CRÉUS DA VIDA E DOS QUE CANTAM A BAHIA DE FORMA EQUIVOCADA.

ALÔ BAHIA ! QUEM NOS PRESENTOU COM GAL, BETHÂNIA, CAETNO, GIL, CAYMMI, SIMONE, MORAES MOREIRA, ARMANDINHO, PEPEU, NOVOS BAIANOS, JOÃO GILBERTO ENTRE OUTROS GRANDES NOMES DE NOSSA MÚSICA, NÃO TEM DIREITO DE ACABAR COM O QUE FOI CONSTRUÍDO AO LONGO DE TANTOS ANOS. A QUALIDADE MUSICAL QUE SEMPRE IMPEROU NA CULTURA BAIANA FOI PRO ESPAÇO E ESTÁ GANHANDO NÃO SÓ O BRASIL COMO O MUNDO DA FORMA MAIS BAIXA QUE PODERIA ACONTECER, ALIENANDO JOVENS E DESPREPARADOS EMBURRECIDOS. A NOSSA CARA MAIS PARECE A CARA DE UMA BUNDA SEMEADA DE IDÉIAS VAZIAS, E COM MUITO POUCO SUINGUE VOLTADO À QUALIDADE E A PAZ DE CONSCIÊNCIA. LAMENTÁVEL


MARCO ANDRÉ.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Caiado de melancolia
caí adentrando o curral das miragens intocáveis
mas, consciente de que era para desviar de vez
do rumo intricado das conjunturas dos impropérios.
Dei de cara com um mundo de anões de alma,
que não cresciam por estancarem namoro
com sentimentos costurados sem o revés da troca,
pela agulha pontuda dos imãs onipotentes.
Mas, eu cresci e me encontro hoje
alimentado de garra e firmeza,
com a certeza do recomeço programado pelo tempo,
que estava engarrafando os soluços que me regavam.

De que precisava esquentar o banco dos reservas
para esfriar a ansiedade da auto-confiança
e ganhar meu lugar no sonho dos meus sonhos.

Hoje betonei cada parte empedrada que me cobriu
e não senti mais o peso desmoronando,
pelo contrário,
senti leveza e alívio adornando meus pensamentos.


Tô feliz, pois soube passar pelo desassossego
sem me esconder da dor, namorando-a,
sentindo-me aprendiz de suas virtudes.
Combinei com cada anjo que me ajudou a serenar
que faria serenata pros deuses das desavenças,
pro querubim da infidelidade
e dos elogios de metáforas temperadas pela falta de ousadia.

Pois, através da mediunidade dos ensinamentos,
pude perceber
quantas asas ainda me faltam
para plainar melhor em bons ventos,

e o quanto deserdei do meu prumo
sem olhar pro tanto também que me faço um brincante do riso,
por ser humanamente imperfeito.

Não cabe mais sociedade com as lamentações
do que não alcancei, minguante.
Apenas a sabedoria e a compreensão
de que era preciso desfrutar de tanto arquipélago sem água
para aportar à ilha dos prazeres preconcebidos
em harmonias dedilhadas pela presença da esperança.

Hoje me sinto cabendo em mim
Hoje me sinto acolhido em mim
Hoje me sinto acordando em mim
Hoje me sinto um acorde em mi
Hoje me sinto um solfejo em lá
Hoje me sinto um sol feito em si,
onde me encontrava apagando-me.

terça-feira, 21 de abril de 2009

4 ponto 6

4.6 de muita vida diluída e sonhada
Muitos percalços
Muitos assaltos aos sonhos
Muitos monstros desenhados
Muitas cores a mudar
Muita mudança já combinada com o riso
Muito riso escondido pelo apego consciente
Muito ciente do que tenho a renovar
Muito beat encalhado por enquanto
Muito barulho sobre o beat iú me assombrando
Muita mixagem espalhando sons calientes
Muitos sons de ansiedade
Muita idade pra surgir
Pouca idade pra recomeçar.
A música de abril vai ser diferente
Regada de harmonias simplificadas
Pelo dedilhar do aprendizado.
Muita rede pouco freqüência no dial
Mas, tocar é o meu presente
Nem que nasça da semente
Dos 100 anos em diante
Há de ser mais condizente com a vontade que pratico
E eu explico:
Sinto música no ar do encontro
Sinto um cheiro doce harmonizando o que produzo
Sinto a chuva regando o que faltava
Nos interiores da minha mente por vezes impermeável.
Dessa forma aviso a quem desconfiar
Que estou pronto pra chegar daqui, até onde me cabe
Perseguindo o que busco
O que rabisquei a vida inteira
Sem saber no que ia dar.
E mesmo sem vidência antecipada
Mas com a aura e os chácras afinados
Anuncio a virada
Que eu guardei pra não gasta talvez antes do tempo
Que estava separado só pra mim.
Repaginei a vida toda
Reescrevi cada trecho que guardei na memória
Pra que me orgulhe do que fiz
Pra que me despeça do que não amadureci
Pra que não sinta falta do que ainda há por fazer.
Não tenho medo de enfrentar o que me salga
Até porque dor não dá em árvore que chora
E eu compositor brasileiro da Amazônia
Não vou reflorestar nenhuma insônia
Pra pode me acomodar.
Quero mudanças radicais internas
Dos meus pontos cardeais ao que componho
Decidi que abrandarei as palavras
Pra ter mais sobriedade
Na hora de afinar as cordas do discurso
Êta 4.6 de curso doído
Mas de cheiro que exala pomada que cura
E que abre os caminhos pra energia armazenada
Em partitura escrita
Pra os que não ficam parados
Como os frouxos e indecisos do que precisam
Encarnados de vaidade perene
Sem olhar pra dentro do umbigo
que reflete o espelho da gente.
Esses não entram nesse momento
que consagro como meu renascimento.
Quero o que não achei escondido
Pois não sou um fugitivo das agruras da vida
Pra poder me encaminhar melhor
E mais disponível ao que me foge
Pelo que humildemente posso aprender com o tempo
Exercitando meu som para espalhar a paz
E semear a dialética das diferenças.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

SINTO VERGONHA DE MIM



Eu gostaria de indicar um vídeo do YOUTUBE narrado pelo Rolando Boldrin a voces, SINTO VERGONHA DE MIM, são versos de Rui Barbosa. Talvez quisesse ter proferido do fundo de minha alma tais palavras para expressar exatamente o que penso sobre o povo brasileiro e sua pacividade perante tantos problemas. Assistam e depois coloquem aqui suas opiniões à respeito.

http://br.youtube.com/watch?v=Lo1gPVsKp5E&eurl=http://www.orkut.com.br/FavoriteVideos.aspx?rl=lo&uid=3639296106403919505


Vergonha
Ver
go !
Fronha da enfadonha pacividade
Forrando as entranhas aprisionadas pelo medo
Apenas por saber que a paz espalmada no receio
do cansaço pela luta de ser feliz,
Acaba com o descanso hipotecado pela ignorânca arquitetada
por engenheiros das insensibilidades impostas- postulantes .

(Marco André)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008


ATOL DOADOS

Até
Atol
Atado
À tarde
Ator doado
À pedra
Ao pé da rã
A perdurar
Ao sol
No sal
Do teu suor
Nas rocas
Das rochas
Das roucas gaivotas
Voltas a ti
Devotas

Agora
Agarro
guelras
guias
gorros
Das manhãs
Que agarras
Das cigarras
E num cigarro
Tragos
Trazes
Topo
Seis afagos
Tocas fogo
Te afogo
Em Cagarras


Ilhas
Olhos
Hulhas
Ôlas
Ulas
Lulas

Braços
Nos pedaços
Nos contornos
Dos adornos
Dado em dois

Torço o bucho
Tusso
Dói o osso
Triturado
Amarrado
Em nós
Mergulhados
Agulhados nus
Mareados
Mar errado
Enredados
Em ré dá
Dos ares maus

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


Eu chorei pela Portela o choro da alegria, de um Brasil gigante.



Eu às vezes demoro em atualizar o CARIMBLOG. Mas, depois de algumas leituras, idas ao cinema e informações recebidas de jornais, volto até aqui para podermos entrar em sintonia novamente.

Primeiramente eu gostaria de dizer a todos que assistam ao filme idealizado por Marisa Monte e pela Conspiração Filmes, sobre a Velha Guarda da Portela. Uma fita genuína, onde verdadeiros artistas brasileiros fazem uma declaração de amor ao samba de primeira. Verdadeiros na mais pura essência da palavra, por construírem através da inspiração muitas vezes ingênua, que brota de dentro da alma espontaneamente, a arte que dignifica o ser humano. Bem distante daquela arquitetada especialmente para o consumo alienado, poluída por mentes que se utilizam da pouca escolaridade, alimentada pela desnutrição cultural de nosso povo, parecendo estar perfeitamente em sintonia com o Brasil eternamente faminto de cidadania, sob a efemeridade de celebridades que industrializam a pobreza dos sentimentos. Só por isso eu já seria eternamente grato a Marisa, se não fosse ela uma das maiores cantoras da última geração de nossa MPB. Eu chorei pela Portela, por sentir que nada vingará mais importante na vida do que o sentimento da criação brotado ao sabor da verdade.

Será que a favelização dos roteiros brasileiros vão perdurar para sempre ?
Como diz Walter Moreira Sales; “ Não agüento mais assistir filmes que apenas julgam a sociedade, prefiro fazer filmes que ajudem a construí-las”. Assino em baixo. E que produzam mais documentários como o citado acima, mostrando que um Brasil tão pobre enriquece aos olhos de quem assiste Madureira e Osvaldo Cruz sambando.

Algumas coisas aconteceram durante essas semanas que não atualizei o BLOG, as Olimpíadas, por exemplo. E por falar nelas, gostaria de tecer algumas opiniões sobre esse grande encontro pacífico da humanidade.

Meu último candidato à presidência da república, Cristovam Buarque, escreveu um excelente artigo no GLOBO associando a queda de Diego Hipólito à queda do muro de Berlim. Cristovam consegue discorrer sobre o tema, de forma a mostrar que tanto a queda de nosso atleta como a do muro que separava as duas Alemanhas, estão ligadas a erros políticos cometidos tanto no passado como no presente, onde a utopia de se construir uma sociedade justa parece realmente ter sido desmoronada pela falta de investimentos no próprio homem através do esporte, da educação e da cultura.
A inverossímil liberdade construída pela falta do contraditório e através do monopólio de uma única nação no mundo, realmente não conseguiu esconder todos os problemas que vivem hoje os países governados sob a tutela dos socialistas antes da queda do muro, e não elevaram o terceiro mundo ao degrau de segundo, ao menos na esperança e na qualificação ficcional. Mais um belo texto de nosso senador.

Eu ousaria dizer que somos um povo com uma personalidade acomodada, munida de muito conformismo, cercado por uma mídia ufanista que cria mitos e falsa imagem de uma sociedade que se embriaga dormente. Jamais seremos uma potência olímpica se não transformarmo-nos em uma potência cidadã. Inventam e aceitamos ídolos cheios de deficiências, subnutridos pela alimentação de egos inflados pela incoerência de opiniões muitas vezes vazias e sem conteúdo, principalmente por conta do poder que a televisão tem em nosso território.

O esporte vitorioso traduz imediatamente a força de uma civilização, o investimento em educação, cultura, cidadania. Na verdade fazemos parte de um povo que não reage como deveria diante de tantas mazelas, que não carrega em sua alma o ímpeto pela luta por direitos nunca dantes adquiridos. O ufanismo de uma parcela de nossa imprensa na busca constante por atletas/heróis ainda despreparados para ocuparem o posto de exemplo a serem seguidos, sem que os mesmos sejam culpados pelo próprio despreparo, para que supram a falta dos que de verdade não existem, é impressionante.

O Brasil agoniza através das lentes televisivas, das páginas dos jornais e revistas sensacionalistas, que invertem a mão da história tentando fazer que um povo, sem o mínimo de discernimento cultural, acredite ser forte naquilo que na verdade ainda não é, como nos esportes olímpicos.

Também temo em perceber que por sermos um país onde a fé é negociada em cada esquina, não consigamos absorver dentro de cada um de nós a prova de que somos capazes de vencermos todas as adversidades da culpa, proporcionadas principalmente pela influência de parte da igreja católica menos progressista.

Eu me impressiono como os atletas brasileiros reagem diante de derrotas e vitórias. No futebol, por exemplo: Se nosso jogador entra em campo, se benze, se perde um gol, se benze, se faz um gol, se benze e ergue as mãos para o céu, se dá entrevistas justifica que deus foi o único responsável por sua glória, se ganha um campeonato se reúne em meio a quadra para rezar junto com seus pares. Espera aí, nada contra os que evocam a religião, mas, e o esforço para se chegar a vitória não existe ? Nem na Itália, país onde habita o papa, fervorosamente católico, vejo algum atleta ponderar que as forças espirituais sobrepõe-se aos suores brotados pelos poros da ambição pela vitória.

As conquistas estão muitas vezes nas atitudes e não nas medalhas adquiridas. Precisamos ter a capacidade da indignação, do arrebatamento, de saber passar por obstáculos que por vezes parecem impossíveis e intransponíveis. Será que o choro incontido e reprimido por não nos aceitarmos vencedores não vai parar de jorrar através das lágrimas de nossos atletas e os mesmos pedirão sempre a ajuda do simbolismo religioso para acreditarem em suas forças ?
Imagino eu, que enquanto nossas vitórias estiverem na maioria das vezes excessivamente ligadas ao subjetivo que rege a fé, nos sentiremos mais fracos diante de nossos adversários que não estão. Que a fé ajude a nos sentirmos plenos para seguirmos de encontro aos nossos objetivos sim, mas, que ela não apareça onipresente nos fazendo crer que só podemos sair vencedores com ajuda divina.

Esse molde se dá em todas as facetas de nossa sociedade. Somos de uma passividade por vezes incomum e nosso poder de reação e de crítica é quase nulo. Lembram do aviãozinho na chegada do maratonista brasileiro que se conformou com a medalha de bronze quando foi roubado escandalosamente em Atenas ? Será que um anglo-saxão chegaria sorridente e feliz, elevando as mãos ao céu inteiramente agradecido pelo feito conseguido, como fez nosso humilde Vanderlei, e não reclamaria pelo acontecido ?
Será que o tal vôo sublinhado através do gesto de nosso atleta não se entrelaça ao caos recente de nossa malha aérea ? Continuaremos apenas rezando por mortos estampados em camisetas até quando, até um outro acidente ? Custo a acreditar em um povo que não enfrenta seus problemas através de manifestações que possam transformar realmente a sociedade em que vivemos, exercendo o direito de exigir de seus governantes investimentos básicos para se construir uma coletividade esclarecida e com opiniões abalizadas, construídas através da ética e da coragem. Deus definitivamente não é só brasileiro, acreditem !

Um país para ser campeão olímpico tem de erradicar o analfabetismo, investir desde cedo nos esportes, tornando-os obrigatórios nos colégios para inclusive tirar nossas crianças da falência completa, das drogas, do desamparo. Esse Brasil tem de ser mais cultural, ter a educação como lema para que o povo possa discernir o que é verdade do que não é. Chega de tanto sensacionalismo, de tantos programas baratos e atrofiados por fofocas em nossa telinha, de tantas celebridades inverossímeis transformadas em artistas fracos, de tanta falta de ética, de tanta política de sacanagem, de tanto comodismo Brasil ! Chega de jornalistas que não lêem exatamente o que esse país precisa, que sempre estão de mãos atadas ao ufanismo anacrônico, que criam mitos e gênios que se apagam através das frustrações anunciadas a cada uma de suas narrações. Eles com certeza são também responsáveis pela falta de condicionamento emocional de nossos atletas junto a falta de políticas sociais de nossos governos.

Os atletas brasileiros devem-se sentir aprisionados em seus altares de deuses, em seus egos perturbados pela mania do enaltecimento exagerado e não verdadeiros. É impossível não se sentir pressionado quando se tem tanta responsabilidade nos ombros. É por isso que choramos tanto, porque para nós a vitória ainda não é natural, imagino.

Creio que o nosso choro na maioria das vezes não é nem de tristeza nem de alegria. É um choro destemperado, pois vencer para nós ainda é estranho diante das imensas dificuldades apresentadas no dia a dia da nação. Perder para nós também é de uma dor incalculável, por nos sentirmos melhores do que somos de verdade, influenciados geralmente pela mídia equivocada das análises ufanistas.

Esse país tem quase 200.000.000 de habitantes, um clima propício para o esporte. Esse país tem uma das maiores economias do mundo e continua na pobreza.

Acorda Brasil !!!!!!
Chega de violência, de uma imprensa que esmaga a cabeça dos que não tiveram a sorte de estar entre os mais favorecidos. Nossos atletas na maioria são pobres, vem da roça, do cabo da enxada, sem acompanhamento fisiológico adequado, sem um acompanhamento nutricional, psicológico, com histórias trágicas de família, sem possuir muitas vezes material adequado para a prática esportiva e obviamente isso se reflete no desenvolvimento esportivo. Somos uma nação olimpicamente empobrecida pela falta de políticas de cidadania.

Bem, para não parecer tão pesado esse texto, pois sempre venho até aqui para falar de saudade, amor entre outros temas através de minhas poesias publicadas, gostaria de encerrar dizendo que a música brasileira me comove sempre e me traz leveza eterna. Eu vejo que não só o esporte é importante, mas que através dela podemos chegar ao degrau de um povo desenvolvido e feliz. Vamos abrasileirar a nossa alma, vamos ouvir mais a nossa música, vamos pedir mais atenção à ela, à nossa cultura tão rica e importante para a formação de nossos jovens. Vamos adotar o que é nosso e nos enxergar mais diante daquilo que produzimos com verdade, sem tanto estrangeirismo. A música brasileira é com certeza um dos maiores e mais respeitados tesouros da criação humana adotada pelo mundo com respeito e que pode ajudar no desenvolvimento de nossa sociedade.

Depois do filme da Portela fui ver Desafinados. Não achei um grande filme, mas, suficientemente bom para perceber o quanto a nossa produção musical é de uma riqueza impressionante. A bossa nova por aqui sempre foi música popular, e no berço do Jazz, EUA, é considerada artigo de luxo até hoje, pertencente à classe dos clássicos da música mundial. O final do filme é comovente, vão ver.

Que bom seria que o Brasil pudesse sempre harmonizar melodias em contato com a arte engajada, sem ser piegas ou panfletária, capaz de enriquecer o nosso povo de alegrias condizentes com uma formação de primeira. Pois, o alimento para isso nós já possuímos, a criatividade, que, regada à base de políticas sociais sérias, suplantará a plantação de melancias abundantes agachadas em nossa fauna musical de hoje em dia.

O DVD que gravamos ainda está em fase de finalização. Estamos tentando ser os mais perfeccionistas possíveis, para que possamos emocioná-los através de uma Amazônia bem brasileira, moderna e verdadeira.

As opiniões demonstradas aqui são pessoais sem a pretensão de estarem com os braços dados com a verdade. Deixem as suas e que possam divergir das minhas. A democracia sempre regerá o CARIMBLOG.

Marco André.