quinta-feira, 13 de agosto de 2009


LANÇAMENTO NACIONAL
DO
DVD BEAT IÚ





Alô galera que costuma frequentar meu BLOG. Gostaria de avisar aos paraenses de plantão, que faremos o lançamento nacional do DVD BEAT IÚ, em Belém, no fim do mês de novembro no Teatro Margarida Schiwazzappa no CENTUR. A direção do DVD é do grande Roberto Talma, e gostaria muito que todos meus conterrâneos estivessem por lá. Quem se habilita ? Abraços.

Marco André

sábado, 8 de agosto de 2009


A BUNDALIZAÇÃO MUSICAL BRASILEIRA

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL

Um país cuja bunda retrata a potencial falta de cultura e educação, mais do que pode o pensamento imaginar. Bunda que rebola assim faz um povo ficar parado e não sair do lugar, remexendo-se exclusivamente na direção da total falta de postura relativa à cidadania.


'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão! A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.


Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.


Porém a culpa desta 'esculhambação' não é exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se.

Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga. As blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime de Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético.

Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem.

Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.


Ariano Suassuna


Observação:

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calypso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.



Realmente, alguma coisa está muito errada com esse noss o país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachaceiro, que gosta de puteiro, ou quando uma mulher canta 'sou sua cachorrinha', aonda vamos parar? como podemos querer pessoas sérias, competentes?

E nao pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, pq tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo é, 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!

Raquel Xavier Quirino

AINDA BEM QUE QUEM ESCREVU ESTA PARTE FOI UMA MULHER. QUANTO A ARIANO SUASSUNA, NEM PRECISO COMENTAR, ELE ATRAVÉS DE SUA OBRA JÁ MOSTRA O CIDADÃO QUE É.

ACABEI DE VOLTAR DE UM TOUR PELA EUROPA FAZENDO SHOWS EM PORTUGAL E INGLATERRA. INFELIZMENTE A VULGARIZAÇÃO DE NOSSA MÚSICA HOJE LEVA O EUROPEU A ACHAR QUE SOMOS UM POVO MOVIDO APENAS PELO EROTISMO EXARCEBADO: BRASIL, O PAÍS DA PUTARIA. OS CARAS VÊM FAZER POR AQUI TURISMO SEXUAL E POR AI VAI, TUDO POR CONTA DA DIVULGAÇÃO MASSISSA DOS CRÉUS DA VIDA E DOS QUE CANTAM A BAHIA DE FORMA EQUIVOCADA.

ALÔ BAHIA ! QUEM NOS PRESENTOU COM GAL, BETHÂNIA, CAETNO, GIL, CAYMMI, SIMONE, MORAES MOREIRA, ARMANDINHO, PEPEU, NOVOS BAIANOS, JOÃO GILBERTO ENTRE OUTROS GRANDES NOMES DE NOSSA MÚSICA, NÃO TEM DIREITO DE ACABAR COM O QUE FOI CONSTRUÍDO AO LONGO DE TANTOS ANOS. A QUALIDADE MUSICAL QUE SEMPRE IMPEROU NA CULTURA BAIANA FOI PRO ESPAÇO E ESTÁ GANHANDO NÃO SÓ O BRASIL COMO O MUNDO DA FORMA MAIS BAIXA QUE PODERIA ACONTECER, ALIENANDO JOVENS E DESPREPARADOS EMBURRECIDOS. A NOSSA CARA MAIS PARECE A CARA DE UMA BUNDA SEMEADA DE IDÉIAS VAZIAS, E COM MUITO POUCO SUINGUE VOLTADO À QUALIDADE E A PAZ DE CONSCIÊNCIA. LAMENTÁVEL


MARCO ANDRÉ.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Caiado de melancolia
caí adentrando o curral das miragens intocáveis
mas, consciente de que era para desviar de vez
do rumo intricado das conjunturas dos impropérios.
Dei de cara com um mundo de anões de alma,
que não cresciam por estancarem namoro
com sentimentos costurados sem o revés da troca,
pela agulha pontuda dos imãs onipotentes.
Mas, eu cresci e me encontro hoje
alimentado de garra e firmeza,
com a certeza do recomeço programado pelo tempo,
que estava engarrafando os soluços que me regavam.

De que precisava esquentar o banco dos reservas
para esfriar a ansiedade da auto-confiança
e ganhar meu lugar no sonho dos meus sonhos.

Hoje betonei cada parte empedrada que me cobriu
e não senti mais o peso desmoronando,
pelo contrário,
senti leveza e alívio adornando meus pensamentos.


Tô feliz, pois soube passar pelo desassossego
sem me esconder da dor, namorando-a,
sentindo-me aprendiz de suas virtudes.
Combinei com cada anjo que me ajudou a serenar
que faria serenata pros deuses das desavenças,
pro querubim da infidelidade
e dos elogios de metáforas temperadas pela falta de ousadia.

Pois, através da mediunidade dos ensinamentos,
pude perceber
quantas asas ainda me faltam
para plainar melhor em bons ventos,

e o quanto deserdei do meu prumo
sem olhar pro tanto também que me faço um brincante do riso,
por ser humanamente imperfeito.

Não cabe mais sociedade com as lamentações
do que não alcancei, minguante.
Apenas a sabedoria e a compreensão
de que era preciso desfrutar de tanto arquipélago sem água
para aportar à ilha dos prazeres preconcebidos
em harmonias dedilhadas pela presença da esperança.

Hoje me sinto cabendo em mim
Hoje me sinto acolhido em mim
Hoje me sinto acordando em mim
Hoje me sinto um acorde em mi
Hoje me sinto um solfejo em lá
Hoje me sinto um sol feito em si,
onde me encontrava apagando-me.

terça-feira, 21 de abril de 2009

4 ponto 6

4.6 de muita vida diluída e sonhada
Muitos percalços
Muitos assaltos aos sonhos
Muitos monstros desenhados
Muitas cores a mudar
Muita mudança já combinada com o riso
Muito riso escondido pelo apego consciente
Muito ciente do que tenho a renovar
Muito beat encalhado por enquanto
Muito barulho sobre o beat iú me assombrando
Muita mixagem espalhando sons calientes
Muitos sons de ansiedade
Muita idade pra surgir
Pouca idade pra recomeçar.
A música de abril vai ser diferente
Regada de harmonias simplificadas
Pelo dedilhar do aprendizado.
Muita rede pouco freqüência no dial
Mas, tocar é o meu presente
Nem que nasça da semente
Dos 100 anos em diante
Há de ser mais condizente com a vontade que pratico
E eu explico:
Sinto música no ar do encontro
Sinto um cheiro doce harmonizando o que produzo
Sinto a chuva regando o que faltava
Nos interiores da minha mente por vezes impermeável.
Dessa forma aviso a quem desconfiar
Que estou pronto pra chegar daqui, até onde me cabe
Perseguindo o que busco
O que rabisquei a vida inteira
Sem saber no que ia dar.
E mesmo sem vidência antecipada
Mas com a aura e os chácras afinados
Anuncio a virada
Que eu guardei pra não gasta talvez antes do tempo
Que estava separado só pra mim.
Repaginei a vida toda
Reescrevi cada trecho que guardei na memória
Pra que me orgulhe do que fiz
Pra que me despeça do que não amadureci
Pra que não sinta falta do que ainda há por fazer.
Não tenho medo de enfrentar o que me salga
Até porque dor não dá em árvore que chora
E eu compositor brasileiro da Amazônia
Não vou reflorestar nenhuma insônia
Pra pode me acomodar.
Quero mudanças radicais internas
Dos meus pontos cardeais ao que componho
Decidi que abrandarei as palavras
Pra ter mais sobriedade
Na hora de afinar as cordas do discurso
Êta 4.6 de curso doído
Mas de cheiro que exala pomada que cura
E que abre os caminhos pra energia armazenada
Em partitura escrita
Pra os que não ficam parados
Como os frouxos e indecisos do que precisam
Encarnados de vaidade perene
Sem olhar pra dentro do umbigo
que reflete o espelho da gente.
Esses não entram nesse momento
que consagro como meu renascimento.
Quero o que não achei escondido
Pois não sou um fugitivo das agruras da vida
Pra poder me encaminhar melhor
E mais disponível ao que me foge
Pelo que humildemente posso aprender com o tempo
Exercitando meu som para espalhar a paz
E semear a dialética das diferenças.