quarta-feira, 9 de abril de 2008

O tempo


O tempo se acende
E não se apaga no instante da conformidade apaziguada
A cada pulsar do pensamento incinerado
Ele vagueia na bússola dos segredos em labirinto
Para que viajemos na carruagem dos sentimentos Impregnados no espelho das atitudes maquiadas às tangentes do passado

A mente trabalha abstrata
Absorta do convívio aprisionado em miragens condicionadas
Anoitecida na claridade da razão
Para que o encontro com o desconhecido
Gire em torno do segundo da eternidade real
Projetada para os ensinamentos inflamados das certezas
Absorvida por surreais indelicadezas solidárias desnutridas

Ele ruge e nos transforma em pedaços de destroços inconscientes
Onde a ranhura das imperfeições desmente qualquer sobriedade antecipada

O tempo é o tempo
Sem piedade para reverenciar o momento da mudança interior
Sem que se preocupe em prescrever as alterações emancipadas
Apenas transcreve o que de novo nos livra de nós mesmo
Nas reflexões ajustadas pelo medo da solidão.

A perda implode o tempo
O templo constrói o medo
O medo explode a culpa
A culpa renova o tempo



As metades em contra-tempo




O querer se destrói na medida que a gente se doa desenfreado
Nada permanece intacto aos melindres da indelicadeza clandestina
E a cada vento que sopra em desalinho, metafísico, em assovios lúgubres devastando encantamentos,
estrutura em mim o alicerce moldado para receber o furacão das intempéries.
Esculpir o arcabouço avesso às emoções permeáveis pelo choro da inconstância, rega o traço e concreta subitamente a beleza da busca pela felicidade, que se movimenta ao encontro das metades que se desfazem por não encorajarem-se parceiras.
A areia se mistura ao cimento e a dureza aparece amolecida pela força em caminhar sem o atropelo da culpa,
Erguendo um Olhar-edifício cujo prumo estará sempre firme ao tempo guarnecido pela proteção do afeto,
Mas, calculado às fundações convenientes para se estar sempre pronto a enfrentar os escombros da auto-estima inventada.
Ah ! Eu ergo um brinde à gratidão servida em copos tilintando em melodias de humildade consciente, como um pilar à soerguer a leveza da alma,
Pra que o tempo não fuja em disparada e despenque do andar do sofrimento mais perene,
sucumbindo aos desencontros por se achar facilmente nas esquinas das alegrias destelhadas.
A força e o poder estão comigo
Ao lado do super herói das vadiagens
Que brinca em se fazer dono da vida
Nas viagens às enfermidades que descarrilam os trilhos do destino.
Saúdo o mais normal dos homens que acredita nas paisagens das imperfeições não combinadas
E é por isso que minhas armas estarão sempre apontadas
Pra um tempo que atira por um ninho
Cujo o alvo é a suavidade sem limites
E o colo um guardião acolchoado.